Doze alunos concluem o Projeto de Letramento em Libras, Matemática e Português
Um total de 12 alunos concluíram o Projeto de Letramento em Libras, Matemática e Português e participaram, na tarde desta quinta-feira, 12, no Campus Boa Vista do Instituto Federal de Roraima (CBV/IFRR), da solenidade de encerramento das atividades.
Com foco na inclusão da pessoa surda, o Núcleo de Atendimento a Pessoas com Necessidades Educacionais Específicas (Napne) do Campus Boa Vista do Instituto Federal de Roraima (CBV-IFRR) desenvolve o projeto desde 2016.
Trata-se de uma experiência realizada como atendimento educacional especializado (AEE) para estudantes surdos e pessoas da comunidade externa com o objetivo de aprimorar, ampliar e aprofundar as habilidades de escrita e leitura da língua portuguesa como L2, ou seja, como segunda língua, para a promoção da inserção social e educacional, favorecendo a ampliação da leitura de mundo e a interação com diversas linguagens, além da contribuição para a permanência e o êxito nos cursos de educação profissional em que estão inseridos.
De acordo com Anazita Lopes, o IFRR tem aberto as portas à comunidade surda. “O projeto de letramento inicialmente tinha como público-alvo apenas os alunos surdos da instituição, mas aos poucos se estendeu também para os integrantes da comunidade surda de Boa Vista. A ideia inicial era sanar as dificuldades que eles tinham em língua portuguesa e matemática, mas percebeu-se que eles não conheciam os sinais utilizados pelos intérpretes, ou então confundiam muito os sinais, já que nunca tinham sido ensinados em Libras. Então, passamos a ofertar também o letramento em libras”, disse.
Ela ressalta também a importância do letramento em matemática contextualizando-se a disciplina com a vida cotidiana. “O letramento em matemática foi fundamental também não só para o ensino dos conteúdos, mas também para auxiliá-los no planejamento da vida financeira, pois muitos deles investiam seus benefícios sociais em bens, muitas vezes supérfluos, por exemplo, gastavam tudo com um celular enquanto precisam pagar água, luz, comprar comida e outros itens de maior necessidade. Então, esse letramento serviu também para que eles aprendessem a organizar suas finanças, com foco nas necessidades básicas”, explicou Anazita.
Outro avanço dos alunos do projeto foi a maior participação deles no esclarecimento de dúvidas e questionamentos. “Hoje temos um maior envolvimento deles. Eles se sentem mais à vontade e não têm mais vergonha de perguntar, com receio, por exemplo, de serem tachados de “burros”, e isso ajuda muito porque conseguimos perceber onde precisamos focar mais e onde eles têm mais dificuldade. Apesar de ainda precisarem avançar mais no letramento em Libras, eles já aprenderam muito, o que pode ser percebido por meio da datilologia da palavra, que é a escrita da palavra com o alfabeto manual”, finalizou.
Política de Inclusão – O CBV/IFRR busca implementar políticas públicas direcionadas a pessoas com necessidades educacionais específicas atendendo ao disposto na Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência (Lei 13.146/2015), que, no seu artigo 28, capítulo IV, diz que “compete ao poder público assegurar, criar, desenvolver, implementar, incentivar, acompanhar e avaliar projeto pedagógico que institucionalize o atendimento educacional especializado, assim como os demais serviços e adaptações razoáveis, para atender às características dos estudantes com deficiência e garantir o seu pleno acesso ao currículo em condições de igualdade, promovendo a conquista e o exercício de sua autonomia; oferta de educação bilíngue, em Libras, como primeira língua, e na modalidade escrita da língua portuguesa, como segunda língua, em escolas e classes bilíngues e em escolas inclusivas; acesso à educação superior e à educação profissional e tecnológica em igualdade de oportunidades e condições com as demais pessoas”.